domingo, 2 de janeiro de 2011

Entrevistando...

.... Cláudia Picorelli

Texto Bárbara Andrade | Coletivo Megafônica

1. Desde quando e como você participa da cena independente paraense e como começou a se interessar por rock?

Lembro que quando ouvi pela primeira vez Sepultura na MTV, mais ou menos em 1995, pensei: "Cara, quero uma banda que nem essa!" Depois conheci o punk e o hardcore e me apaixonei! Montei uma banda, produzi fanzine (UnderGuerrilha), ajudei em showzinhos. Mas foi tudo muito esporádico. Como passei muito tempo viajando -ponte aérea Belo Horizonte-Belém- só ano passado que consegui me estabilizar em uma banda.

2. Qual a fase mais legal do rock paraense, na sua opinião?

Acho que na época em que toda semana tinha show e público presente. Foi na época em que a ABUNAI organizava shows de hardcore, Bocão e seus shows de metal, os coletivos com suas baladas indie. Acho que foi nessa época que nasceu o SeRasgum no Rock. Não sei bem a data, deve ter uns 5 ou 4 anos atrás. O melhor foi que essas coisas aconteceram todas juntas, era bem legal! Tinha opção de diversão na cidade. Você podia escolhero que gostaria de ouvir em um fim de semana por exemplo.

3.Você convive e está sempre presente na movimentação independente que existe em Belém há muito tempo, já participou de vários movimentos, teve banda e sabe como funciona a "cultura rockeira" paraense. Muita gente sente saudade de movimentos antes que moviam o rock em Belém com força total, como o hardcore e o rock'n'roll por exemplo, mas de uns tempos pra cá as coisas mudaram. Como você avalia o crescimento e as diferenças da cena independente que existia em Belém há 4 ou 5 anos atrás para a que existe hoje?

Existe alguma hoje? (hahaha brincadeira) Eu acho que Belém teve uma cena. Eu não entendo porque não se consolidou e expandiu. Hoje em dia acredito que só festivais como Megafônica e SeRasgum tentam resgatar essa essência. Que na verdade anda bem embolada, quando dividem o mesmo palco com bandas de música regional.

4. Pensando como público, o que você acha que tem de mais legal e de pior nos coletivos/produtores que organizam eventos em Belém?

O melhor é essa vontade ativa de produzir esses eventos, que corre nas veias dessa galera que tenta de todas as formas evitar que Belém deixe de ser um roteiro de festival independente brasileiro. O que é ruim é que um festival como o SeRasgum (antes no rock), tentem abranger a música paraense apresentando shows como o da Gabi Amarantos e companhia em pleno festival de múisca rock indenpendente... Putz, isso é música popular regional e tem seus meios de divulgação, inclusive com apoio de prefeituras e afins. Imagina que tirássemos a palavra "ROCK" do programa de rádio BALANÇO DO ROCK, e acrescentássemos a sua programação Arraial do Pavulagem, Technobrega... Foi mais ou menos isso quem aconteceu com os festivais. Diante desses fatos acho que precisa mesmo dar mais apoio a cena rock, que acaba perdendo o espaço em seus festivais.



3 comentários:

Rafael disse...

Entrevista boa, mas se engana a entrevistada quando diz que o Se Rasgum inclui coisas como Gaby Amarantos em um "festival de música rock independente".

É um festival de boa música - independente, original e/ou diversificada -, essa mesma onde o rock já bebeu, encheu a cara e abusou de suas referências tantas vezes e sem preconceitos.

Abraços.

Anônimo disse...

Disse tudo! Sinto muita saudade daqueles tempos tb!!! Nostalgia total!!

Anônimo disse...

Rafael, acho que o que ela quis dizer é que extinguiram um festival onde se tinha oportunidade de divulgar e alimentar a cena rock da cidade pra fazer um festival de música, digamos, generalista. Claro, a iniciativa da SeRasgum de fazer um festival pra música independente, sem se restringir ao rock, é totalmente válida e louvável. Mas, cadê o lugar da cena rock independente nessa cidade? Está muito fraco. Não temos mais um grande festival de rock como tinhamos antes.