segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Clipe novo do Madame Saatan - "Vela"

Sammliz em Cena de "Vela". Foto por Rodolfo Braga

O set: largas avenidas e intrincadas ruas do centro de Belém. O casting: dois milhões de pessoas. Nesta estrutura e cenário, que se configuram apenas uma vez por ano, Sammliz, vocalista da banda paraense Madame Saatan, emerge na multidão para o videoclipe da música “Vela”, produzido durante o Círio de Nazaré do ano passado.
Em meio ao corre-corre dos voluntários da Cruz Vermelha, o trabalho massacrante dos soldados do Exército brasileiro e da Guarda de Nazaré, a busca incessante dos fiéis à menor proximidade com a imagem da Santa, nove pessoas da equipe de produção se empenharam em registrar, sob a ótica dos romeiros, as imagens do maior evento religioso do país. A câmera, tradicionalmente alheia ao Círio, faz um mergulho dramático no universo dos sacrifícios e da devoção à Nossa Senhora de Nazaré, num misto de fascínio e angústia que marca o caos controlado da procissão. “Vela” contou com duas equipes, formadas por câmera, assistente de câmera, produtor e assistente de direção.

Priscilla Brasil. Foto por Gustavo Godinho

“A experiência foi filmar o Círio em seus momentos mais críticos, caminhando ao lado da berlinda e jamais utilizando planos externos a isso”, explica a diretora do clipe, Priscilla Brasil, da produtora Greenvision, a mesma de “As Filhas da Chiquita”. “O clipe é claustrofóbico, porque nós mesmos tínhamos dificuldade de respirar. A câmera perde o foco porque nós mesmos quase desmaiamos nessa experiência. As imagens não são belas: são suadas e doídas, simplesmente porque eu acho que isso é o Círio.” O clipe partiu do princípio de “como filmar”, pois “o que filmar” era impossível, explica Priscilla. ‘Como filmar’ foi determinado para ser sujo, esquisito.
A imagem treme, se perde, as pessoas batem na câmera o tempo todo. Nós estávamos lá dentro, no meio da confusão, e isso tinha que ficar claro”. Alguns momentos foram cruciais e partiram de escolhas, como o Auto do Círio, a Trasladação e eventos da procissão como a saída da imagem da santa, com os soldados do Exército abrindo caminho, e a chegada ao Banco do Brasil para a chuva de papéis picados. Vencer a multidão com câmeras nos ombros e o cansaço de três dias de gravação - tarefa improvável para um dos locais mais disputados da romaria - foi, para a equipe, recompensador.
O resultado: cerca de 12 horas de material, editado por Priscilla Brasil e pelo jornalista Rafael Guedes, num desafio de montagem que resultou em 76 trilhas de vídeo na timeline dentro da ilha de edição. Sobre isso, Priscilla resume: “Em relação à montagem, esse videoclipe foi uma das coisas mais difíceis que eu já vi na vida”. O clipe de “Vela” teve a direção de Priscilla Brasil; assistência de direção de Brunno Regis e Rafael Guedes; câmera de Renato Reis, Rafael Guedes e Gustavo Godinho; assistência de câmera de André Morbach e Carlos Lobo; produção de Felipe Braun e Teo Mesquita; e edição de Priscilla Brasil e Rafael Guedes.

Reportagem: Diário do Pará. 13 de outubro de 2008.

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